14 de jun. de 2014

Sobre o novo blog


Como todos sabem, o Serendipidade acabou. Tive um bloqueio "daqueles" e com ele pensei que pararia de escrever. Felizmente, a vontade de escrever voltou e um blog novo apareceu junto. O Serendipidade continuará aqui, pra quem gostar de teias de aranha. Gosta de abismos? É só clicar aqui.

11 de mai. de 2014

Manifesto do fim

Chegou o grande momento de "fechar" o Serendipidade com um manifesto que ninguém vai ler. Perdi a conexão que tinha com esse lugar, perdi o encanto. As palavras que aqui estão fazem parte de um passado distante, da época em que eu sabia exatamente o que fazer. Boa parte do que eu era se perdeu, a mágica que eu fazia com as palavras chegou ao fim. 

E que apaguem as luzes. Que o espetáculo chegue ao fim. Obrigada ao respeitável público.

30 de mar. de 2014

I.
com voracidade
queria-me
dizia-me
"meu amor"
com a fome
de quem deseja
com a sede
de quem
se entrega

II.
com voracidade
beijava-me
com os olhos
olhava-me
com os lábios
o desejo
de quem tem
e não pode ter
não como quer

III.
com voracidade
tinha meu corpo
com o cuidado
de delinquente
tínhamos
a vontade
insaciável e
incurável
do não-ter

19 de mar. de 2014

Olhos de poeta

Viu que jamais existiria ângulo igual.

Era uma rua simples, pisada incessantemente por seus transeuntes. Deixavam marcas onde pisavam, traziam areia de outros lugares. Traziam nos pés as suas angústias; na força dos passos, suas dores. 

Pessoas, apenas. Em uma rua aparentemente insignificante.
Rua banhada pelo sol. Iluminada, divinamente iluminada. Luz que ninguém via. Os moradores, acostumados com a mesma luz nas mesmas paredes, jamais notaram sua beleza.

"Malditos olhos de poeta!" - pensou.

Em vão, fez perguntas aos seus vizinhos sobre a origem daquela beleza. "Não há beleza nenhuma! E o que vês sempre esteve aí." Porém, havia algo. Uma beleza dolorida habitava-lhe a alma ao abrir a janela do seu quarto. 

Eram os mesmos paralelepípedos de sua infância, banhados pela mesma luz. Eram os mesmos moradores, só estavam maltratados pelo tempo. Era a mesma casa. 

E o algo? algo que lhe arrancava lágrimas, uma dor vazia. O que era?

Suspirou, fechou os olhos e sorriu. Tinha um dia pela frente, embora o sentimento inexplicável não lhe abandonasse.

15 de mar. de 2014

Poema que era carta

Enquanto a chuva surge, eu não desespero.
Enquanto o coração ruge, eu não desespero.
A saudade existe, assim eu te espero.
A saudade é forte, mas ainda assim
Quebram meu coração.

Cansei dessa busca em lugares impossíveis.
Cansei de esperar flores de um terreno hostil.
Cansei de seguir sempre a mesma linha.
Não quero ser um exemplo.
Queria - e quero - respeito, nada mais.

Ainda almejo a liberdade.
Almejo a serenidade de estar ao teu lado.
Desejo poemas sem rimas.
Pensamentos desconexos.
E teus olhos perdidos nos meus.